Adams Cezar Adams Cezar - Nas Esquilas da Lagoa

Já quase no fim do ano
Pra móde juntá uns pilas
Juntamo eu e o castelhano
Uma comparsa de esquila

Botamo anúncio na rádio
Chegou até fazer fila
Apareceu cada louco
Uns gaúchos muito pouco
Gente de campo e das vilas

Depois de escolher o ceceu
E o simão, pra esquilador
Levamo junto o nandico
E o juca, de agarrador

O valdo foi pra cozinha
E o pilão de atador
Pra limpá a cancha, o barbicha
Eu mesmo que pago as ficha
E o tatu, de embolsador

E tava feita a comparsa
Das esquilas à martelo
Das ordens do capataz
O castelhano zé melo

Que assobiava umas marca
Batendo o pé com o chinelo
E indiada buena e pareia
Pra tosar de folha cheia
E num dia tirar cem velo

Largamo então pra fronteira
Lá pra estância da lagoa
Numa kombi das antiga
Loctada e loca de boa

Foram afiando as tesoura
Que há tempo andavam à toa
Das foilhas largas que tinha
Umas quantas santaninha
E três ou quatro coroa

Chegamo já tinha ovelha
Na mangueira, esperando
E ja suamo a camisa
De veredita, tosando

As primeira até renderam
Mas aos poucos foi mermando
Bem na cancela, um peão
Passava óleo e carvão
Nos beliscão que iam dando

Quando chegaram os capão
Tinha três de mala pronta
Um tosador e mais dois
Chegaram pedindo as conta

Tinham cruzado com a canha
E andavam com a ideia tonta
Pegaram a estrada, proseando
E o resto seguiu botando
Até o fim de ponta a ponta

Deu quase dez bolsa cheia
E umas oito bem socada
Nos sobrou uns três consumo
E a lã da borregada

Deculpamo os beliscão
Que as tesoura eram afiada
Acertamo bem as ficha
Que a lida adiante se espicha
E largamo a kombi na estrada

Assim se foi a comparsa
Fina flor de cortadeira
Bandeei cancheiro e carancho
Acabou-se a brincadeira

Pra gastar num só domingo
Os troco da safra inteira
Mas pro ano, to pensando
Se ajuntá e sair tocando
Uns bailongos na fronteira